Glúten: O que você não sabe pode mata-lo

Mark Hyman
The Huffington Post
Traduzido pelo grupo de tradução português
14/02/10

Algo que está a comer pode estar a mata-lo, e você provavelmente nem o sabe!

Se você come hambúrgueres com queijo ou batatas fritas todos os dias ou bebe seis refrigerantes por dia, sabe provavelmente que está a encurtar a sua vida. Mas comer um pedaço de pão integral escuro e delicioso – como pode isso ser mau?

Bem, o pão contém glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio, aveia e espelta. Está escondida na pizza, massas, pão e em todo o tipo de comidas processadas. Claramente, o glúten é um alimento base da dieta Americana.

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Mark Hyman
The Huffington Post
Traduzido pelo grupo de tradução português
14/02/10

Algo que está a comer pode estar a mata-lo, e você provavelmente nem o sabe!

Se você come hambúrgueres com queijo ou batatas fritas todos os dias ou bebe seis refrigerantes por dia, sabe provavelmente que está a encurtar a sua vida. Mas comer um pedaço de pão integral escuro e delicioso – como pode isso ser mau?

Bem, o pão contém glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio, aveia e espelta. Está escondida na pizza, massas, pão e em todo o tipo de comidas processadas. Claramente, o glúten é um alimento base da dieta Americana.

O que a maioria das pessoas não sabem é que o glúten pode causar complicações de saúde sérias para muitos. Você pode estar em risco mesmo não tendo um diagnostico completo da doença celíaca.

Os perigos do glúten

Um recente grande estudo descrito no Jornal da Associação Médica Americana descobriu que pessoas diagnosticadas, não diagnosticadas e com doença latente celíaca ou sensibilidade ao glúten têm um maior risco de morte, maioritariamente de doenças cardíacas e cancro. (i)

O estudo utilizou quase 30.000 pacientes desde 1969 até 2008 e examinou mortes em três grupos: aqueles com um diagnostico completo da doença celíaca, aqueles com inflamação intestinal mas não com um diagnostico completo da doença celíaca e aqueles com doença celíaca latente ou sensibilidade ao glúten (elevados anticorpos de glúten mas com biopsia intestinal negativa).

As descobertas foram dramáticas. Houve um aumento de 39% no risco de morte daqueles com doença celíaca, um aumento de 72% naqueles com inflamação intestinal relacionada com glúten e 35% de aumento naqueles com sensibilidade ao glúten mas não com doença celíaca.

Isto é uma pesquisa inovadora que prova que não é necessário ter um diagnostico completo da doença celíaca com uma biopsia positiva intestinal (que é o que o pensamento convencional nos diz) para ter sérios problemas de saúde e complicações – até morte – com causa na ingestão de glúten.

Ainda assim uns estimados 99% de pessoas que têm problemas com a ingestão de glúten nem sabem disso. Atribuem a sua falta de saúde ou sintomas a outra qualquer coisa, e não à sensibilidade ao glúten, que é curável a 100%.

E aqui ficam mais algumas noticias chocantes …

Outro estudo comparando o sangue de 10.000 pessoas de à 50 anos atrás com 10.000 pessoas actuais, descobriu que a incidência da doença celíaca aumentou em 400% (anticorpos TTG) durante este período de tempo. (ii) Se nós víssemos um aumento de 400% em doenças cardíacas ou cancro, isto seriam noticias de manchete. Mas não ouvimos nada sobre isto. Eu explicarei porque penso que esse aumento aconteceu dentro de um momento. Primeiro, vamos explorar os custos económicos desta epidemia escondida.

Problemas de glúten não diagnosticados custam ao serviço de saúde Americano rios de dinheiro. O Dr. Peter Green, Professor de Medicina Clínica no Colégio de Médicos e Cirurgiões na Universidade de Colômbia estudou todos os 10 milhões de subscritores do CIGNA e descobriu que aqueles que foram correctamente diagnosticados com a doença celíaca usavam menos serviços médicos e reduziram os seus custos de saúde em 30%. (iii) O problema é que apenas 1% daqueles com o problema foram realmente diagnosticados. Isso significa que 99% andam a sofrer sem saberem disso, custando ao sistema de saúde milhões de dólares.

E não são apenas alguns que sofrem, mas milhões. Muitas pessoas mais têm sensibilidade ao glúten do que você pensa – especialmente aqueles que estão cronicamente doentes. A forma mais séria de alergia ao glúten, a doença celíaca, afecta uma em cem pessoas, ou três milhões de Americanos, a maioria dos quais não sabe que a têm. Mas formas menos sérias de sensibilidade ao glúten são ainda mais comuns e podem afectar até um terço da população Americana.

Porque é que você não ouviu muito sobre isto?

Bem, em boa verdade ouviu, mas não se apercebeu disso. A doença celíaca e a sensibilidade ao glúten mascaram-se como dezenas e dezenas de outras doenças com diferentes nomes.

Sensibilidade ao glúten: uma causa, muitas doenças

Um artigo cientifico no New England Journal of Medicine (Jornal de Medicina de Nova Inglaterra) listou 55 doenças que podem ser causadas pela ingestão de glúten. (iv) Estas incluem osteoporose, síndrome do cólon irritável, síndrome do cólon inflamado, anemia, cancro, fatiga, aftas, (v) artrite reumatóide, lúpus, esclerose múltipla, e quase todas as outras doenças auto-imunes. O glúten também é ligado a muitas doenças psiquiátricas (vi) e neurológicas, incluindo ansiedade, depressão, (vii) esquizofrenia, (viii) demência, (ix) enxaquecas, epilepsia, e neuropatia (nervos danificados). (x) Também foi ligada ao autismo. (xi)

Pensávamos que os problemas derivados do glúten ou da doença celìaca estavam confinados a crianças que tinham diarreia, perda de peso, e que tinham problemas de crescimento. Agora sabemos que se pode ser velho, gordo e constipado (prisão de ventre) e mesmo assim ter a doença celíaca ou sensibilidade ao glúten.

A sensibilidade ao glúten é realmente uma doença auto-imune que cria inflamação em todo o corpo, com efeitos variados em todos os sistemas de órgãos incluindo o cérebro, coração, articulações, trato digestivo e outros. Pode ser a única causa por detrás de muitas “doenças” diferentes. Para corrigir estas doenças, você precisa de tratar a causa – que é usualmente a sensibilidade ao gluten – e não apenas os sintomas.

É claro que, isto não significa que todos os casos de depressão ou doenças auto-imunes ou qualquer destes problemas são causados pelo glúten em toda a gente – mas é importante tê-lo em conta se tiver alguma doença crónica.

Não identificando a sensibilidade ao glúten e a doença celíaca, nós criamos sofrimento desnecessário e morte a milhões de Americanos. Problemas de saúde causados por sensibilidade ao glúten não podem ser tratados por uma melhor medicação. Eles podem apenas ser resolvidos através da eliminação total do glúten da sua dieta.

A questão que fica é: porque que somos tão sensíveis a este elemento básico da nossa dieta?

Existem muitas razões …

Elas incluem a nossa falta de adaptação genética a ervas, e particularmente ao glúten, na nossa dieta. O trigo foi introduzido na Europa durante a Idade Média, e 30% das pessoas de descendência Europeia possuem o gene da doença celíaca (HLA DQ2 ou HLA DQ8), (xii) o que aumenta a susceptibilidade de problemas de saúde derivados da ingestão de glúten.

As variantes Americanas de trigo têm um muito maior conteúdo de glúten (que é necessário para fazer pães gigantes leves e fofos) do que aquelas tradicionalmente encontradas na Europa. Este super- glúten foi recentemente introduzido na nossa fonte de comida agrícola tendo infectado quase todas as variantes de trigo na América.

Para descobrir se é uma entre as milhões de pessoas que sofrem de uma, não identificada, sensibilidade ao glúten siga este procedimento simples.

A dieta de eliminação/reintegração

Enquanto testes podem identificar sensibilidade ao gluten, a única maneira de saber se isto é realmente um problema para si é eliminando todo o gluten por um período curto de tempo (2 a 4 semanas) e verificar como se sente. Abstenha-se das seguintes comidas:

Glúten (cevada, centeio, aveia, espelta, trigo) – ver www.celiac.com para uma lista completa de alimentos que contém glúten, como também outras fontes escondidas de glúten).

Fontes escondidas (sopas instantâneas, acompanhamentos de saladas, molhos, bâton, algumas vitaminas, medicamentos, selos e envelopes que se têm de lamber, e até plasticina).

Para este teste resultar tem de eliminar o glúten da sua dieta a 100% - sem excepções, sem glúten escondido, e nem uma migalha de pão.

Depois coma-o de novo e verifique o que acontece. Se se sentir de alguma maneira mal, necessita de se abster de glúten para sempre. Isto vai ensina-lo, melhor do que qualquer teste, sobre o impacto que o glúten tem no seu corpo.

Mas se ainda estiver interessado em testes, aqui estão algumas coisas a ter em mente.

Testar sensibilidade ao glúten ou doença celíaca.

Existem testes para a alergia ao glúten/doença celíaca que estão disponíveis através da Labcorp e Quest Diagnosis. Todos estes testes ajudam a identificar várias formas de alergias e sensibilidade ao glúten ou ao trigo. Eles procuraram pelos seguintes aspectos:

anticorpos IgA anti gliadina

anticorpos IgG anti gliadina

anticorpos IgA anti Endomísio

Anti-Transglutaminase Tecidual (IgA e IgG em casos questionaveis)

Totel de anticorpos IgA

HLA DQ2 e DQ8 genotipos para a doença celíaca (usado ocasionalmente para detectar susceptibilidade genética)

Biopsia Intestinal (raramente necessária se os anticorpos de gluten forem positivos – baseado na minha interpretação do estudo recente)

Quando se fizer estes testes existem algumas coisas que se devem ter em mente.

À luz da nova pesquisa feita em relação aos perigos da sensibilidade ao glúten sem um diagnóstico completo da doença celíaca, eu considero qualquer elevação de anticorpos significante e merecedora de uma experiência de eliminação de glúten. Muitos médicos consideram elevados níveis de anticorpos anti-gliadina na ausência de uma biopsia intestinal positiva um “falso positivo”. Isto quer dizer que o teste parece positivo mas realmente não é significante.

Já não podemos dizer tal coisa. Positivo é positivo e, como com todas as doenças, existe um continuo, desde uma leve sensibilidade ao glúten até um diagnostico completo da doença celíaca. Se os seus anticorpos estão elevados, devia eliminar glúten e verificar para ver se este é a origem dos seus problemas de saúde.

Agora vê – aquele pedaço de pão pode não ser tão completo como parecia! Siga o conselho que partilhei consigo hoje para verificar se o glúten é a causa escondida dos seus problemas de saúde. Simplesmente eliminando esta substância insidiosa da sua dieta, pode ajuda-lo a atingir uma vibrante saúde durante a sua vida.

É tudo por hoje. Agora gostaria de ouvir noticias suas.



É um dos milhões que foi levado a acreditar que o glúten é perfeitamente seguro para se comer?

Como é que comidas que contém glúten parecem afecta-lo?

Que sugestões pode partilhar com outros sobre como eliminar glúten da sua dieta?

Referências

(i) Ludvigsson JF, Montgomery SM, Ekbom A, Brandt L, Granath F. "Small-intestinal histopathology and mortality risk in celiac disease." JAMA. 2009 Sep 16;302(11):1171-8.

(ii) Rubio-Tapia A, Kyle RA, Kaplan EL, Johnson DR, Page W, Erdtmann F, Brantner TL, Kim WR, Phelps TK, Lahr BD, Zinsmeister AR, Melton LJ 3rd, Murray JA. "Increased prevalence and mortality in undiagnosed celiac disease." Gastroenterology. 2009 Jul;137(1):88-93

(iii) Green PH, Neugut AI, Naiyer AJ, Edwards ZC, Gabinelle S, Chinburapa V. "Economic benefits of increased diagnosis of celiac disease in a national managed care population in the United States." J Insur Med. 2008;40(3-4):218-28.

(iv) Farrell RJ, Kelly CP. Celiac sprue. N Engl J Med. 2002 Jan 17;346(3):180-8. Review.

(v) Sedghizadeh PP, Shuler CF, Allen CM, Beck FM, Kalmar JR. "Celiac disease and recurrent aphthous stomatitis: a report and review of the literature." Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2002;94(4):474-478.

(vi) Margutti P, Delunardo F, Ortona E. "Autoantibodies associated with psychiatric disorders." Curr Neurovasc Res. 2006 May;3(2):149-57. Review.

(vii) Ludvigsson JF, Reutfors J, Osby U, Ekbom A, Montgomery SM. "Coeliac disease and risk of mood disorders--a general population-based cohort study." J Affect Disord. 2007 Apr;99(1-3):117-26. Epub 2006 Oct 6.

(viii) Ludvigsson JF, Osby U, Ekbom A, Montgomery SM. "Coeliac disease and risk of schizophrenia and other psychosis: a general population cohort study." Scand J Gastroenterol. 2007 Feb;42(2):179-85.

(ix) Hu WT, Murray JA, Greenaway MC, Parisi JE, Josephs KA. "Cognitive impairment and celiac disease." Arch Neurol. 2006 Oct;63(10):1440-6.

(x) Bushara KO. "Neurologic presentation of celiac disease." Gastroenterology. 2005 Apr;128(4 Suppl 1):S92-7. Review.

(xi) Millward C, Ferriter M, Calver S, Connell-Jones G. "Gluten- and casein-free diets for autistic spectrum disorder." Cochrane Database Syst Rev. 2004;(2):CD003498. Review.

(xii) Green PH, Jabri B. "Coeliac disease." Lancet. 2003 Aug 2;362(9381):383-91. Review

Mark Hyman, médico e fundador do Centro do UltraBemEstar (UltraWellness Center) e pioneiro da medicina funcional. O Dr. Hyman está a partilhar as 7 maneiras de alcançar a habilidade natural que o seu corpo tem de se curar a si próprio.